quinta-feira, 3 de maio de 2018

A palavra intraduzível.

Saudade é cansaço.
É chegar em casa depois de um dia em que tudo deu certo, e não ter pra quem contar.
É uma lembrança que se prende a você com toda a força, e não te deixa respirar direito.
São planos que nunca saíram da ideia. 
É a vontade de mais.
Saudade é não saber onde enfiar a cara quando escuta alguma coisa que te lembra. E tudo te lembra. 
É uma onda. Pode te molhar os dedos dos pés e pode te afogar.
É pensar que "bom, essa coisa de distância não dá certo". E então descobrir que pensando bem eu não sei mais o que dá certo.
Saudade é encarar o Universo de frente, quase desafiando, e perguntar aos gritos COMO VOCÊ TEVE A CORAGEM?
É a música que toca na parte triste das comédias românticas dos anos 2000.
Saudade é um pouco de raiva, sim. Raiva do atrevimento das circunstâncias que fizeram tudo ruir. Raiva do som que as coisas fazem ao cair. E então uma raiva direcionada a tudo. 
É saber o quanto é fácil dizer talvez quando se quer dizer não. O quanto as intenções mudam dependendo da reação. 
Fé. 
Saudade é fé.
De que as coisas ficarão bem no final. De que ainda temos tempo. Mas que precisamos de mais. De que esse grito entalado no peito um dia vai cansar e ir embora. Fé na fé. 
Saudade é querer fugir. 
É fugir realmente. 
Fugir pra uma cidade tão longe. 
8 horas longe. 
Saudade é saber que você vai sentir dor onde nunca achou que pudesse existir dor. Saudade é saber que vou estar parada
no topo da colina de pedra 
no meu lugar favorito no mundo 
onde tudo tem história 
solo sagrado
E vou ouvir um sussurro. Bem baixinho. 
"Seria melhor se ele estivesse aqui."
Saudade é saber que sim. Seria. 
Saudade é querer que estivesse.
Saudade é saber que não adianta nada.
Saudade, de uma forma quase engraçada... é você.

(may 3rd, 2018)

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