A Terra
me ensina sobre a dor.
Me mostra suas crateras incontáveis, me conta suas histórias e não tem pressa.
"Aprendi a andar devagar"
(Os primeiros dias tinham só 5 horas)
E então eu a mostro as minhas
no meu rosto,
costas,
braços,
e coração.
E nos reconhecemos como iguais.
Ela me conta sobre a violência que arrancou a Lua dela e a levou para longe, sobre os rios de lava que correm em suas veias e os meteoros que a fizeram inclinada.
E então sobre como a Lua se recusou a abandoná-la, sobre as florestas aos pés de vulcões e sobre as estações do ano.
Ela me convida a mergulhar em suas cavernas inundadas e eu
pulo.
E a ouço sussurrar:
"Tudo isso aqui
era caos.
Esse lugar
absolutamente silencioso
um dia já foi só dor"
E eu entendo
o paradoxo da existência.
Um dia,
espero mergulhar nos meus próprios lagos
que hoje transbordam dor.
A Terra me coloca sentada no topo do mundo e sopra meus cabelos enquanto diz que
"Essa tempestade
é o seu nascimento.
Há lugares em você
que jamais existiriam
não fosse pelas colisões
que te chacoalharam até os ossos.
Você
não estaria aqui sem elas."
Eu abro os olhos e o quarto ao meu redor está em silêncio absoluto. Sinto uma brisa nas bochechas e ouço uma nota de piano contínua.
A vida (re)começa
bem ali.
(may 16th, 2019)
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