domingo, 16 de junho de 2019

Poços de enxofre.

A Terra
me ensina sobre a dor.
Me mostra suas crateras incontáveis, me conta suas histórias e não tem pressa.
"Aprendi a andar devagar"
(Os primeiros dias tinham só 5 horas)
E então eu a mostro as minhas
no meu rosto,
costas,
braços,
e coração.
E nos reconhecemos como iguais.
Ela me conta sobre a violência que arrancou a Lua dela e a levou para longe, sobre os rios de lava que correm em suas veias e os meteoros que a fizeram inclinada.
E então sobre como a Lua se recusou a abandoná-la, sobre as florestas aos pés de vulcões e sobre as estações do ano.
Ela me convida a mergulhar em suas cavernas inundadas e eu
pulo.
E a ouço sussurrar:
"Tudo isso aqui
                 era caos.
Esse lugar
                 absolutamente silencioso
um dia já foi só dor"
E eu entendo
o paradoxo da existência.
  Um dia, 
      espero mergulhar nos meus próprios lagos
  que hoje transbordam dor.
A Terra me coloca sentada no topo do mundo e sopra meus cabelos enquanto diz que
"Essa tempestade 
                    é o seu nascimento.
Há lugares em você 
                    que jamais existiriam 
não fosse pelas colisões
                     que te chacoalharam até os ossos.
Você
                     não estaria aqui sem elas."
Eu abro os olhos e o quarto ao meu redor está em silêncio absoluto. Sinto uma brisa nas bochechas e ouço uma nota de piano contínua.
A vida (re)começa 
                        bem ali.
(may 16th, 2019)

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