sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Speramus Meliora; Resurget Cineribus

Nunca fez sentido para mim eu ser como sou. 
O jeito como eu andaria até o fim do mundo por pessoas que não atravessariam a rua por mim. O fato de eu saber disso, e nada mudar. 
Entendo, afinal, o que sentiam os moradores de Pompéia. O solo perto dos vulcões é mais fértil, mas ainda é um vulcão. No final, o risco não compensou. 
Nesse século Pompéia sou eu e vocês o Vesúvio. 
Me pergunto se algum dia vocês também serão lembrados como os causadores de uma tragédia. Hoje, a tragédia é carregada em meus próprios ombros. 
Em alguns dias eu me pego desejando que as coisas fossem diferentes. Tanto em 79 quanto em 2017. 
"Às vezes eu penso que seria bom me mudar para uma cidade nova, me apresentar como Mariana e inventar um passado novo pra mim"
"Por que?" 
"Porque quando eu fosse embora as pessoas lembrariam de mim como alguém interessante." 
Você revirou os olhos e disse que isso era ridículo. 
Você não disse que eu faria falta. 
Entendi. 
Entretanto,  perto de Pompéia existe algo que durou. Algo que sobreviveu ao fim.
Pegando um trem em Pompéia, você chega a Roma em uma hora. 
A Roma que era esplendorosa e virou cinza. A Roma que o fogo devorou. 
E então a Roma que era maior que qualquer incêndio. A Roma que se recusou a aceitar o mesmo destino de Pompéia. 
A Cidade Eterna. 
Nesse século prefiro, e escolho, ser Roma. E vocês o fogo.
Minha eternidade não será manchada pelas suas chamas. 
(september 7th)

Nenhum comentário:

Postar um comentário