domingo, 12 de novembro de 2017

Cheia de boas intenções.

O que você faz quando carrega os polos dentro de si? 
Quando a sua vida inteira, ninguém nunca viu nada além de geleiras onde deveria estar o seu coração? 
Quando tudo o que você sempre quis era ser a casa que abrigava a todos da tempestade, mas só conseguiu ser a avalanche que destrói tudo por onde passa?
Quando tudo o que você tenta não dá certo, você apenas olha no espelho e aceita a visão de um monstro? 
O coração de seu pai é de manteiga, mas você sempre se pareceu mais com a sua mãe. (Dele você só herdou os olhos verdes e a capacidade de esconder o que sente).
Você evita tocar nas pessoas que ama porque as suas mãos não foram feitas para a delicadeza (suas garras não conhecem a ternura). 
Nunca te disseram que a maior monstruosidade de todas é negá-la? 
Você sempre quis ser mais, não é? Mais calma, mais gentil, mais agradável, mais digna de alguma coisa boa (qualquer que seja). 
Mas também sempre quis ser menos. Menos falante, menos irritante, menos malvada, menos você
Você sempre quis ser mais parecida com Verona, mas sempre foi Esparta. 

No reflexo da água você sempre viu a definição 
de lobo em pele de cordeiro.

(nov. 12, 2017)

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