Preciso que todo esse barulho pare para eu poder pensar. Que fechem todas as torneiras, desliguem os rádios, acalmem os cachorros incapazes de parar de latir.
Silêncio. Pensemos.
Lutei tanto por confiança na vida que ultimamente parece ser só isso que consigo fazer. É uma luta infinita, como continuo descobrindo: todo juramento de lealdade, todo bom comportamento, todo esse nunca-dar-problema... coisas que eu faço e aparentam não servir de nada. Não recebi confiança. Não recebi nada. Pode chamar de falta de altruísmo, se quiser. Já fui chamada de muitas coisas.
Em outras notícias, eu escolhi estar aqui. Andei devagar e com passos seguros até onde estou. Então como pode parecer que não sei mais nada? Não é possível. Isso é só neblina, eu conheço esse lugar como a palma das minhas mãos. Foram elas que construíram, afinal.
Ainda sobre construções, me especializei em construir pontes. Irônico, uma vez que todos os outros construam ótimos muros. Minhas pontes são da melhor madeira existente, mas os muros deles são concreto puro. Não há competição.
Olhe ao meu redor, é um belo império. Erguido com maestria, suor e nem mencione as lágrimas. O rio que corre aqui é de água salgada. É um império dos bons, e Roma ficaria com inveja, mas é tão difícil de manter. Não quero que seja fácil, não me entenda errado, mas seria bom não fazer o papel de Atlas de vez em quando.
Não ficaria surpresa se acabasse realmente me entendendo errado. Acontece muito. Escolho muito bem minhas palavras, mas nem sempre dá tempo. Às vezes é preciso agir de imediato; é um desastre toda vez.
No final, acho que me resumo a isso: pontuação exagerada, uma necessidade quase anormal de silêncio, juízo demais e uma busca interminável por confiança. Sempre achei que não era o suficiente. Agora que pude pensar, na verdade acho que sou
excesso.
(april 7th, 2018)
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