terça-feira, 27 de agosto de 2019

Absurdos insignificantes.

No final de dias como esse, nada parece ser a coisa certa a se dizer.
Olhar 8 meses para trás é assistir a vida de outra pessoa.
Eu já não ando por aí me escondendo pelos cantos e pedindo perdão por existir, cortando o cabelo por qualquer coisa e já não tento mais tão desesperadamente explicar o que eu faço para quem nunca 
                                             nunca
vai entender.
Desfiz os punhos e abri as mãos e soltei e deixei muita coisa ir embora. E muita coisa foi. E muita coisa ficou. E muita coisa voltou.
Coloquei fogo em algumas das minhas melhores pontes, e não senti vontade de cruzar muitos rios a nado. Mas outros sentiram por mim, e hoje em dia tenho oferecido toalhas aos montes na margem de cá; e tenho dado muitos suspiros aliviados ao dizer "bem vindo de volta".
Hoje em dia, não tenho vergonha das minhas feridas abertas, dos prédios desmoronados dentro de mim ou das minhas crateras homéricas. A dor é o que ela é. Eu não planejo escondê-la de ninguém; principalmente de mim mesma.
Tenho perdoado muito, mas não tudo. 574 dias agora e muito longe de encontrar perdão. 287 dias e contando e por enquanto o perdão ainda não cruzou meu caminho. E está tudo bem.
Venho tentado manter alguns nomes fora da minha boca ultimamente, porque não gosto do que acontece quando os digo. Ao invés disso, tenho voltado a experimentar alguns outros, só para descobrir se ainda têm o mesmo gosto, e meus lábios descobrem que não; estão ainda mais doces. 
Alguns dias são longos e eu choro no sofá em frente à TV porque é tudo demais, e porque eu tenho esse direito. Eu sempre tenho esse direito. 
Mas a vida tem melhorado. A névoa se dissipou, e enxergo tanta coisa agora. Eu mal preciso dos óculos. Essa escalada é óbvia até para os meus olhos míopes.
E está ficando tudo bem.
                     (em alguns dias isso me assusta).
(aug. 27th, 2019)

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