sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Mesmo como sombra.

Nos meus sonhos, eu tento não te encontrar. De verdade. Mas nos meus sonhos, você ainda tem motivos para querer me ver, então você está sempre
sentado na minha cama, apreensivo
na minha garagem, relaxado
no chão do meu quarto, me entregando cartas que eu sempre esqueço de trazer junto ao acordar.
Às vezes, quando acordo no meio da noite com o coração acelerado, eu me pergunto quantas vezes eu apareci para você em sonhos. E me pergunto se você também gosta de me ver lá.
No mundo inteiramente meu dos meus sonhos, eu ouço sua voz pelos corredores de uma casa que eu quase reconheço. Você está
dando risada,
e conversando com a minha irmã,
e batendo papo numa festa,
e usando permanentemente sua camiseta vermelha, 
e você não sabe que eu estou ali enquanto eu me escondo pelos cantos e te observo de longe. Você não percebe até perceber, e aí larga tudo o que está fazendo para vir na minha direção. Eu te conto histórias, você me mostra fotos da sua nova vida longe das muralhas invisíveis da cidade que chamamos de lar e nós simplesmente
passamos madrugadas inteiras juntos.
            Até eu acordar,
     antes de conseguir dizer tchau,
            na minha cama solitária,
     lembrando da sua.
                              E aí eu sinto
                                    em todo lugar
                             a sua falta.

(jan. 3rd, 2020)

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