quinta-feira, 11 de maio de 2017

É sempre mais claro antes do anoitecer

E depois da tempestade não deveria vir a calmaria? Paz, de uma vez por todas? A ordem do mundo não é assim? Descubro que não, pela milésima vez. 
Uma pessoa diferente de mim já teria aprendido, numa hora dessas, que a bondade não é recompensada com bondade. Que você, pretendendo servir de apoio, acaba virando degrau. Um meio para um fim. O intermediário para algo melhor... para os outros. 
Nunca pra você. 
Não. 
Você não recebe nada. 
A verdade é que você pode salvar o mundo, reconstruir impérios tijolo por tijolo, impedir catástrofes e não receber nada além de solidão no final. Ninguém nunca vai acreditar no que você fez, porque você mesmo vai passar a duvidar que fez algo de bom - já que você acabou por ser vítima da ingratidão. 
E nada nesse mundo te prepara para a ingratidão. 
O altruísmo nem sempre te faz bem, sabe? 
E vou lhe dizer: não existe altruísmo sem amor. 
E eu amei. E amei, e amei, e amei. E ainda amo. E tal amor nunca me foi retribuído, de forma alguma. Foi por esse amor ingrato que fiz tudo o que fiz. Foi por ele ser ingrato que comecei a escrever isso. 
Ao mesmo passo que digo a mim mesma para nunca mais deixar a "coisa certa a se fazer" falar mais alto, nunca mais servir de degrau, sei que o farei. Porque é isso que você faz, não é? Você ajuda. Você cuida. Você constrói tudo de novo, quantas vezes for necessário. Doa o quanto doer. Afinal, é melhor doer em você do que neles. Você prefere vê-los sorrindo, mesmo que a sensação em sua pele seja de mil espinhos, do que ser a razão pela qual eles estão tristes. 
Você prefere. 
E vai preferir pra sempre, e talvez isso machuque pra sempre, talvez você nunca aprenda a suportar os espinhos! Talvez você nunca se livre do nó que se forna na garganta quando você está prestes a chorar. 
Eis a verdade: quando Roma foi construída, não houve tempo para admirar o resultado do trabalho. Ver a beleza que havia se erguido onde antes não havia nada. Não houve tempo, pois seus construtores estavam exaustos. Estavam machucados. Não houve tempo para contentamento. 
Roma nunca foi deles.
Nunca se constrói nada para si. 
Nunca usufruímos de nada feito pelas nossas próprias mãos, pois sabemos o quanto doeu para que aquilo fosse feito. Só nós sabemos quanta dor a obra carrega. E não se admira a dor que você mesmo sente. 
Mas, como eu disse... é melhor que a dor seja nossa. 
É melhor tomar o lugar de Atlas, para que o belo mundo continue em seu lugar.
(may 11th)

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