segunda-feira, 19 de junho de 2017

Atenas, reerguida.

Não acredito que correr seja um instinto humano desde o começo dos tempos.
Não aprendemos a correr até que algo esteja vindo atrás de nós.
Um dia você aprende a fugir do perigo.
Ainda estou no processo de aprender a correr, e ainda perco o fôlego, o exercício ainda me cansa. 
Então quero que vocês saibam que deixar vocês para trás não foi tão fácil quanto talvez pareça.
Acontece que eu preferia perder o fôlego - e tê-lo - do que continuar sufocando. Então eu olhei para vocês uma última vez, e escolhi olhar para o espelho a partir de então. Desfoquei o plano de imagem onde a felicidade de vocês aparecia e foquei onde a minha própria era mostrada. 
Então eu corri.
Correr não devia ser sinônimo de fraqueza. Às vezes, usamos nossas últimas forças para ir embora.
Agora, quando você olhar pro lado, eu não vou mais estar lá. Quando você criar um problema, eu não vou mais resolver. Quando você der uma resposta seca, não será mais direcionada a mim.
Destruam um ao outro, se quiserem. Meu império, uma vez que reerguido, nunca mais será derrubado. Não por vocês. Nem por ninguém. 
Será como cair ao reverso, como se Ícaro tivesse chegado à terra firme sem nenhuma queimadura, sem nenhuma gota d'água. Como se Pompéia nunca tivesse conhecido o Vesúvio, como se Aquiles não tivesse entrado na guerra, como se Páris tivesse escolhido Atena.
Tragédias são sempre lembradas, mas quanta felicidade o mundo perde no processo?
O mundo de cansou de tanta perda, e eu também.
Tantas histórias e tudo lá fora sussurrava que eu devia fugir. 
Nenhum deles ouviu a tempo. Mas eu ouvi. 
Então eu corri. 
E não olhei mais para trás.
(may 31st)

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